CRISE, ACEITAÇÃO E SUPERAÇÃO.

Outra primavera sem cor, sem sons e calor. Os pássaros já não cantarolavam mais e tudo parecia frio, pior, congelado! As crianças n...



Outra primavera sem cor, sem sons e calor. Os pássaros já não cantarolavam mais e tudo parecia frio, pior, congelado! As crianças não brincavam de pega e os cachorros ficaram quietos sem latir. Minha mãe já não sentia a necessidade de abraçar o mundo e tudo foi ficando breu, e cada vez mais apavorante e o mau odor só aumentava na minha cama e ia se espelhando pela cabeceira da cama, subindo pela parede e se dividindo entre o criado mudo e o vazo de flores rachado, silencioso, com nenhum vestígio de vida á muito tempo, descendo pelo carpete antigo cobre e passando pelas entrelinhas das formas geométricas de um cinza sujo e por fim poluindo todo o ambiente, se misturando com o ar procurando uma saída, se debatendo sob os quadros e a janela de vidro. 

Não era um mau odor comum dos mais repugnantes possíveis, era um dos piores de quem desistiu de viver e não sente mais nada, sem fome, sem cede com a boca seca e pálida, as mãos já não se mexiam endurecidas pelo pouco sangue que circulava entre minhas veias, e a dor foi diminuindo cada vez mais, mais e mais... Até que os olhos se fecharam sozinhos, mas eu ainda estava lá, ouvindo alguns ruídos, a chuva que começava apertar regando as flores dos jardins da vizinhança, o tempo foi passando e ficando mais impossível entender o que se passava fora do casulo. 

Não pude notar o tempo de dentro para fora, mas aconteceu, eu me libertei, encontrei forças aonde não consigo explicar o caminho, uma coisa grande e forte me mostrou, uma luz na qual não me deixava abrir os olhos, até que minha visão se acostumou, e lá estava eu, saindo do casulo com uma bola amarela enorme no céu de um azul imenso. Tudo voltou a ser belo e colorido, meus antigos amigos nunca mais os vi, nem ouvi falar, meus pais voltaram a me acolher, e eu? Há eu, abri as asas e voei, voei sem destino, sem medo, e hoje posso dizer que a coisa mais corajosa que fiz, foi acreditar que tudo ia melhorar mesmo quando tudo parecia ter acabado, abrir os olhos, levantar e viver. Hoje posso dizer, eu me sinto grandiosamente FELIZ!

Relatos de um " Bicho" que virou gente.

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